segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Um lugar pra chamar de meu, meu mesmo!


"E ninguém é eu
e ninguém é você,
esta é a solidão."
Clarice Lispector

Assim começa o livro "Só, dores e delícias de morar sozinha", de Rosane Queiroz. Um livro d-e-l-í-c-i-a mesmo. Facinho e gostoso de ler, ainda mais quando faz um sentido danado pra quem vive essa realidade. Bem, comprei esse doce literário há uns quatro anos, em um aeroporto de volta pra casa. Fazia todo sentido ler esse título na época, porque estava realmente começando morar sozinha. Depois de um casamento maluco e de uma retomada no melhor estilo, ou seja, com felicidade, comecei do zero. Tudo novo, tudo mesmo!!! Adorei a leitura e serviu como livro de cabeceira durante algum tempo. Li sem pressa e sem a menor vergonha de deixá-lo decorando meu lado da cama. Afinal, meu móvel (pra não dizer eu mesma) tinha todo o direito de parecer inseguro, divertidamente frágil e pouco intelectual. As favas com a intelectualidade. Quem mora só quer mais que o seu cantinho seja fofo, agradável, que sua geladeira tenha pão integral, prosseco e iogurte; no armário, leite condensado e nescau, que o seu DVD nunca estrague, que suas amigas te devolvam as temporadas de "Sex and the city" e que a TV que nunca fique sem sinal. Ah!!! Que nunca haja barata, vazamento, problemas com o síndico e nem ninguém usando indevidamente sua vaga. O resto, a gente tira de letra. Bem, o livro teve seu espaço naquela época e hoje voltei a olhar pra ele. Queria falar do meu novo e maravilhosamente conquistado espaço. Porque não postar, né? Afinal, é "tudo novo de novo", como diz Paulinho Moska, e merece um capítulo super especial na minha agenda. Não dá pra passar "batido". Se fosse na época das agendas provavelmente eu teria colado nelas uma pedaço de pedra da obra para marcar o dia que comprei ou uma das chaves no dia em que me mudei.

Essa nova fase
Depois de um tempo morando só, entendendo como se brinca, com suas dores e delícias, comecei a namorar o Rico e namorar gerente financeiro é foda. O cara resolveu colocar minha vida nos trilhos, principalmente a financeira. Ele tem mérito danado por isso, né? Fez uma planilha de orçamento (que só preenchi uns 3 meses) ,vendemos meu carro, compramos outro financiado (o vendedor da loja quase morreu quando o Rico sacou sua poderosa HP para calcular o financiamento), pedi adiantamente de férias, 13º, etc e saimos a caça de um ap. Pro tanto de dinheiro que podia dar de entrada e para o que podia gastar (ou melhor, investir) por mês, tinha que ser alguma coisa de, no máximo, 55m², em Clear Watter. Deu certo. Comprei o ap, acho que fiz um super negócio (graças ao Rico mais uma vez) e ainda pensando no orçamento, resolvi "acampar" na casa dos meus pais para tentar economizar (ô ilusão) até a nova residência ficar pronta. Achei que seria tranquilo. Talvez 3 ou 4 meses. Também tinha como "posto avançado" a casa do Rico, que também neste período mudou algumas vezes até chegar no habitat semi definitivo de hoje. Que nada!!! Difícil pra caramba. Aquela menina que adorava dormir na casa das amigas e viajar sem nem lembrar de casa tinha sido abduzida. Senti tanta falta de ter o meu canto, de ver as minhas coisas. Tive saudade de cada coisa nestes 8 meses, coisas tipo: livros, albuns de fotos, caixinha, baleiro, canecas, lençois e até dos meus panos de prato. Agradeço as famílias, minha e do Rico. Ao próprio Rico. Porque nessa fase eu estava particularmente chata. Todos foram maravilhosos. Fui sempre bem acolhida. Mas casa da gente é casa da gente. Percebi depois de pular da casa em casa, de saber que minha morada dependia do dia da semana e que era chamada carinhosamente de "tartaruga" (levava a casa nas costas com minhas inúmeras e enormes sacolas) que a gente vicia em morar só, em ter nosso canto, nosso silêncio, nossa arrumação e nossa bagunça. Nosso tempo.

Agora só anda pintando um grilo: e se o Rico agora resolver casar?!



2 comentários:

  1. Rê, sempre soube que você devia ter um blog... E adoro te ler, tanto quanto adoro te ouvir... Preenche os meus vazios. E sempre te quis por perto, para encher a minha vida de alegria... Agora nesta distância de semanas, meu amor se confirma ao te ler, palavra por palavra...Saudades. Semana que vem estou em casa. beijos. Mona

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  2. Rê, assim como a Mona, adoro te ler! Fico imaginando as caras e bocas que você fez ao escrever cada frase. Sim, eu gostava de ver sua loucura falando sozinha na sala-aquário. Estou com saudades de me sentir em casa no trabalho, comer um supino e ler suas revistas de moda. Quando eu voltar quero ser convidada para um Momento Marisa na sua casa... Abraço gigante!

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